Crônicas

Redução de dano

Estamos a passos curtos de poder apagar as memórias ruins que nos atormentam, é o que aponta um estudo realizado por cientistas da Universidade de Hong Kong e publicado no Jornal O Globo.

Por sorte, a técnica desenvolvida com sucesso no Japão se diferencia do procedimento oferecido no inesquecível “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Na película, o protagonista se submete a um tratamento experimental para apagar as memórias com sua ex. Porém, ao descobrir que, para isso, também serão deletadas as boas lembranças, se arrepende e tenta reverter o processo.

No caso da pesquisa, o sumiço das recordações desagradáveis foi menos custoso. O resultado foi alcançado com a ativação de boas lembranças durante o sono.

Esse feito promete reabrir as portas do Paraíso. Já imaginou acessar somente memórias felizes? Poder calar a voz ruminante das mágoas?

Para completar a alegria de um futuro sorridente, em seguida me deparei com uma reportagem sobre os “malefícios do hábito crônico de reclamar” para a saúde física e mental. A pesquisa que deu origem à matéria foi realizada pela Faculdade de Stanford, e os achados impressionam: “meia hora de negatividade por dia pode danificar o cérebro de uma pessoa – esteja ela reclamando, ouvindo alguém reclamar ou mesmo assistindo a notícias negativas pela TV.”

Será que me sobrou algum neurônio?

A partir de agora, quando encontrar aquele amigo que inventa um problema para cada solução, adotarei o modo “Poliana, a contente”. Sem tempo para reclamão. Foco total na redução de danos.

Quanto às memórias ruins, talvez eu não precise da borracha e deva apenas usar menos o marca-texto.


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Soraya Jordão

Soraya Jordão é psicóloga e escritora. Nasceu no Rio de Janeiro em 1968, sob o signo de Virgem. Durante a pandemia, descobriu seu interesse pela escrita. É autora do e-book de contos Histórias que contei pra Lua, publicado pela Amazon, em 2022. No mesmo ano, publicou o livro infantil O plano do tomate Tomé, pela editora Itapuca. Foi finalista do concurso Poeta Saia da Gaveta do Verso Falado (2021) e do concurso de crônicas do Instituto Fome Zero (2022). Recebeu menção honrosa no Concurso Literário Relâmpago Virtual, da FALARJ, em 2023. Seu primeiro romance Ciranda de mamutes foi selecionado e publicado pela Editora Patuá em 2023. Escreve para os sites Crônicas Cariocas e Crônica do Dia.

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